Crioulos

Quiénes quem eram os crioulos?

denomina-se crioulos as pessoas que, durante a época colonial (séculos XVI a princípios do XIX), eram descendentes de europeus, mas tinham nascido no continente americano.

os crioulos faziam parte dos setores dominantes da sociedade colonial, que concentravam a riqueza e o poder e tinham grande prestígio social. Esses setores usufruíam do trabalho forçado de indígenas e escravos.

com o passar do tempo, alguns crioulos começaram a desenvolver interesses contraditórios com os de seus ancestrais europeus, que tinham vindo à América para ganhar fama e riquezas.

na América espanhola, essas contradições se agudizaram durante o século XVIII, quando a dinastia dos Bourbons realizou uma série de reformas políticas, administrativas e econômicas, conhecidas como reformas Bourbon. Entre essas medidas, uma das que mais prejudicou os crioulos foi a preferência que a coroa mostrou por nomear espanhóis nos postos mais altos da administração colonial, como os de vice-rei, capitão geral, oidor ou governador intendente. Algo semelhante ocorreu no Brasil Português com as reformas pombalinas, que assim como as Bourbon foram inspiradas em algumas das idéias do Iluminismo.

a preferência pelos peninsulares nos postos de poder e o desprezo que muitos deles mostraram pelos nascidos em terras americanas, geraram entre os crioulos um crescente ressentimento contra a dominação colonial.

Retrato de família de crioulos

Retrato dos Fagoaga-Arozqueta, família de crioulos novohispanos de origem Basco, 1730.

Características dos crioulos

Entre as principais características dos crioulos pode-se mencionar que:

  • eram descendentes de europeus, mas tinham nascido em território americano.
  • Junto aos peninsulares, compunham a elite da sociedade colonial.
  • eles tinham poder econômico e consideração social, embora não tanto quanto os peninsulares.
  • Parte da propriedade agrícola e do comércio local estava sob seu controle. Atuavam também como advogados, escribas, médicos e sacerdotes.
  • impulsionaram os processos de independência das colônias americanas.
  • tinham o desejo de defender os interesses do território americano frente às ambições das metrópoles europeias.

importância dos crioulos durante a independência

alguns dos crioulos que se destacaram durante os processos independentistas na América Espanhola estudaram em universidades europeias. As ideias de liberdade, igualdade e fraternidade difundidas pela Revolução francesa, e a forma de governo parlamentar instaurada pela Revolução inglesa foram fonte de inspiração para esses crioulos que tinham conhecimento dos autores europeus da época.

estes crioulos trouxeram da Europa ideias de mudanças que foram o fundamento ideológico dos processos independentistas da América Latina. Deste processo participaram advogados, clérigos, comerciantes e profissionais da média e pequena burguesia, que se opunham ao sistema colonial instaurado pela Espanha.

em algumas regiões, os crioulos conseguiram o apoio de indígenas, mestiços e escravos que fugiram de seus senhores para se somarem aos exércitos revolucionários. Mas a relação de colaboração entre uns e outros foi muitas vezes conflituosa porque os crioulos temiam que a eclosão de uma guerra social afetasse seus interesses e propriedades.

Durante os processos independentistas nem todos os crioulos foram patriotas ou revolucionários. Muitos deles permaneceram leais ao rei Fernando VII e lutaram no lado monarquista, que defendia o direito dos funcionários espanhóis de continuar governando na América.

por essa razão, muitos historiadores sustentam que os processos independentistas hispano-americanos foram em suas origens mais uma expressão de uma guerra civil entre revolucionários e realistas do que uma guerra de libertação entre identidades coletivas definidas pelo local de nascimento.

Crioulos mais destacados durante o processo independentista

Entre os crioulos mais destacados no período compreendido entre fins do século XVIII e princípios do século XIX (época revolucionária na América), encontram-se os seguintes:

  • Simón Bolívar (1783-1830): militar e político Venezuelano, que libertou da dominação espanhola os atuais territórios da Venezuela, Colômbia, Panamá e Equador.
  • Miguel Hidalgo (1753-1811): Padre novohispano que protagonizou o chamado Grito de Dolores, que iniciou o processo de Independência do México em 1810.
  • Agustín de Iturbide (1783-1824): militar novohispano, que pôs fim à dominação espanhola no México em 1821.
  • Francisco de Miranda (1750-1816): militar e político Venezuelano, que liderou a primeira etapa da Independência da Venezuela, entre 1810 e 1814.
  • José de São Martinho (1778-1850): militar e político rioplatense, que libertou da dominação espanhola o atual território do Chile e proclamou a independência do Peru. Dessa forma, garantiu a independência da Argentina.
  • Mariquita Sánchez de Thompson (1786-1886): escritora e patriota nascida em Buenos Aires.
  • Antonio José de Sucre (1795-1830): militar e político Venezuelano. Ele serviu como tenente de Bolívar. Obteve uma decisiva vitória na batalha de Ayacucho e libertou a Bolívia da dominação espanhola, sendo seu presidente entre 1825 e 1828.

Bibliografia:

  • Guerra, François-Xavier. Modernidade e independência: ensaios sobre as revoluções hispânicas. Lisboa, MAPFRE. 1992.
  • Halperin Donghi, Tulio. Reforma e dissolução dos impérios ibéricos, 1750-1850. Buenos Aires, Aliança. 1985.
  • Pérez Velho, Tomás. “Crioulos contra peninsulares: a bela lenda” em: Amérique Latine Histoire et Mémoire. Les Cahiers ALHIM, 19. 2010.



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